quinta-feira, 28 de agosto de 2014

DIVINO FAROL

Conta-se que um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na Escola de Oficiais da Marinha e estava servindo num grande navio de guerra.
Sua frota estava fazendo exercícios num arquipélago, em meio a milhares de ilhas. Eles já estavam chegando no final do dia, o tempo estava péssimo, com névoa densa e a visibilidade muito ruim.
Num certo momento, o vigia avisou ao comandante que havia uma luz piscando do lado direito. O comandante perguntou se a luz estava constante ou em movimento, e o vigia confirmou que a luz estava parada e num curso de colisão.
O comandante mandou uma mensagem para o suposto navio informando que ele estava numa rota de colisão e que seria necessário mudar seu curso em vinte graus, imediatamente.
Recebeu a seguinte mensagem: É melhor vocês mudarem seu percurso imediatamente.
O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e transmitiu outra mensagem: Eu sou um capitão, por favor mude seu percurso em vinte graus. Veio outra mensagem:
Eu sou marinheiro de segunda classe, senhor, e estou alertando que é preciso mudar o curso do seu navio, senhor.
O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final: Estou no comando da mais importante nau da frota. Não podemos manobrar tão rápido. Mude seu curso imediatamente. Isto é uma ordem!
Então, o comandante recebeu a mensagem final: Senhor, é impossível mudar nossa rota. Isto aqui é um farol. E eu, sou apenas o faroleiro.
*   *   *
Ao longo da sua trajetória evolutiva, não foram poucas as vezes que homens investidos de cargos importantes ou em posições de destaque, têm se deixado levar pela soberba e pela vaidade, a ponto de não perceber a realidade que os cerca.
A história registrou inúmeras dessas situações, mas a mais célebre foi a ocorrida com Jesus.
Quando o Mestre de Nazaré Se posicionou diante dos doutores da lei, dos poderosos, dos que se julgavam acima do bem e do mal, qual farol iluminando a noite escura dos corações, foi crucificado.
Aqueles homens não admitiam que um simples carpinteiro, sem títulos nem riquezas materiais pudesse lhes indicar o rumo que deveriam seguir para evitar o naufrágio na escuridão das próprias trevas.
Investidos dos poderes transitórios e das glórias terrenas, fecharam os olhos para a Grande Luz que veio à Terra para iluminar consciências e perfumar corações.
Enceguecidos pelo brilho do ouro, desdenharam o maior tesouro já conferido à Humanidade.
Pseudo-sábios, iludidos pela prepotência do falso saber, desprezaram Aquele que foi e continua sendo o maior sábio de que se tem notícias.
Cegos pelo preconceito de raça, de casta e de religião, não aceitaram a orientação do Sublime Farol que veio a este mundo de misérias para conduzi-lo, como nau desorientada, ao porto seguro de um reinado diferente, que Ele próprio exemplificou.
E, não obstante todas as resistências oferecidas pelos poderosos daquele tempo e por alguns da atualidade, o Divino Farol continua orientando todos os que, cansados de se debater na noite escura dos sofrimentos e nas tempestades geradas pela ignorância, desejam chegar a um porto seguro.
E assim prosseguirá, até que todas as ovelhas do aprisco voltem ao Seu redil... Até o final dos tempos, conforme Ele mesmo afirmou.
*   *   *
Jesus é estrela de primeira grandeza.
Fez-Se, na Terra, um humilde carpinteiro para Se achegar aos corações doridos daqueles que estavam dispostos a saciar a sede de esperança e seguir Seus passos luminosos.
E, embora desprezado por muitos, continua sendo o Divino Farol a indicar o caminho que conduz ao Pai, através dos Seus luminosos ensinamentos.

Redação do Momento Espírita com base em história de autor desconhecido.
Disponível no CD Momento Espírita v. 6, ed. Fep.
Em 3.6.2013.
Texto extraído do site Momento espírita em:    http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=192&stat=0

A MAIS BELA FLOR

O bosque estava quase deserto quando o homem se sentou para ler, debaixo dos longos ramos de um 
velho carvalho.
Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.
E, como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, 
cansado de brincar.
Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:
Veja o que encontrei!
O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.
Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.
A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas e, certamente, nenhum perfume.
Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o 
outro lado.
Mas, ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha 
surpresa:
O cheiro é ótimo e é bonita também...
Por isso a peguei. Tome! É sua.
A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.
Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:
Era o que eu precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.
E, naquela hora, o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.
A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...
Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.
O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.
Certamente iria consolar outros corações que, embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.
Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.
Perguntava-se como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.
Concluiu que talvez a sua autopiedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...
E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto, privado da visão física, o despertasse daquele estado depressivo.
E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.
E, ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...
*   *   *
Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.
Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.
Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que o essencial é invisível aos olhos.


Redação do Momento Espírita com base em texto 
de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 13.03.2012



Texto extraído do site Momento Espírita -  http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=364&